

Imperador do Japão expressa 'profundo pesar' 80 anos após a Segunda Guerra Mundial
Dezenas de milhares de japoneses compareceram nesta sexta-feira (15) a um polêmico santuário em Tóquio no 80º aniversário da rendição do país na Segunda Guerra Mundial, enquanto, em um local próximo, o imperador Naruhito expressou "profundo pesar" por este capítulo da história nipônica.
Um ministro do gabinete estava entre os visitantes do Santuário Yasukuni, que homenageia 2,5 milhões de soldados, a maioria japoneses, que morreram desde o final do século XIX, mas também presta tributo a criminosos de guerra condenados.
As visitas ao santuário por funcionários do governo provocam indignação entre os países que sofreram as atrocidades militares do Japão, em particular China e Coreia do Sul.
A algumas centenas de metros do santuário, o imperador Naruhito expressou um "profundo e renovado sentimento de dor" em um discurso ao lado da imperatriz Masako em um ginásio no centro da cidade, o Nippon Budokan, onde a bandeira nacional foi hasteada a meio mastro.
"Meus pensamentos estão com as muitas pessoas que perderam suas preciosas vidas na última guerra e suas famílias inconsoláveis", declarou o imperador de 65 anos.
"Refletindo sobre o nosso passado e tendo presente o profundo pesar, espero sinceramente que os horrores da guerra nunca mais se repitam", completou.
O primeiro-ministro Shigeru Ishiba assumiu o compromisso de "conservar as dolorosas memórias da guerra (...) transmitindo-as de geração em geração e a adotar ações para alcançar uma paz duradoura".
Ishiba, um político moderado, enviou uma oferenda tradicional a Yasukuni, segundo a agência Kyodo News.
Nenhum primeiro-ministro japonês visitou o santuário desde 2013, quando a presença do então chefe de Governo Shinzo Abe provocou a fúria de Pequim e Seul, além de uma reprimenda diplomática incomum por parte dos Estados Unidos, aliado de Tóquio.
Com temperaturas superiores a 30°C nas áreas que cercam o santuário, milhares de pessoas utilizavam guarda-chuvas como proteção ao calor.
Takashi Eguchi, designer gráfico de 53 anos, morador de Tóquio, declarou à AFP que Yasukuni é um lugar acessível no coração da cidade para que as pessoas comuns possam refletir sobre a história do país.
"Vivemos em um momento em que guerras começaram ou é provável que comecem em vários lugares", disse. "Então, estou aqui para refletir sobre o que o Japão fez, incluindo seus fracassos", completou.
O imperador Naruhito, Masako e sua filha, a princesa Aiko, devem viajar em setembro a Nagasaki para se encontrar com sobreviventes da devastadora bomba atômica de agosto de 1945 e prestar homenagem aos mortos na guerra.
U.Solana--GM