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EUA revogou visto do ministro da Justiça, diz Lula
EUA revogou visto do ministro da Justiça, diz Lula / foto: EVARISTO SA - AFP

EUA revogou visto do ministro da Justiça, diz Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta terça-feira (26), que o governo americano revogou o visto de seu ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, decisão que chamou de "irresponsável" em meio à crise diplomática entre os dois países.

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Durante reunião de gabinete transmitida ao vivo em Brasília, Lula expressou "solidariedade" ao seu ministro diante do "gesto irresponsável dos Estados Unidos de cassar seu visto".

O governo de Donald Trump impôs tarifas punitivas contra o Brasil, assim como revogações de vistos e sanções financeiras a autoridades brasileiras em resposta ao julgamento por suposta conspiração golpista contra seu aliado, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) (2019-2022).

"Essa atitudes são inaceitáveis, não só contra o ministro como também todos os ministros da Suprema Corte, contra qualquer personalidade brasileira", acrescentou Lula.

Na reunião, que teve como foco as tarifas americanas, Lula e vários de seus ministros usaram bonés azuis com o slogan "O Brasil é dos brasileiros".

A situação judicial de Bolsonaro, que se declara inocente, gerou fortes tensões entre o Brasil e os Estados Unidos.

- O bolsonarismo nos EUA -

Bolsonaro é acusado de ter conspirado com vários colaboradores próximos para permanecer no poder após a derrota para Lula nas eleições de 2022.

A revogação do visto de Lewandowski ainda não foi confirmada nem pelo Ministério da Justiça, nem pelas autoridades americanas contatadas pela AFP.

Na semana passada, o influenciador Paulo Figueiredo, que mora nos Estados Unidos, mencionou essa sanção na rede X.

Figueiredo e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente e que também reside atualmente nos EUA, fazem um lobby intenso com o governo americano para que adote medidas contra as autoridades brasileiras.

- "Traição" -

"É possivelmente uma das maiores traições que uma pátria sofre de filhos seus", declarou Lula nesta terça-feira, em clara alusão a esse lobby.

"Não existe nada que possa ser mais grave do que (...) um filho custeado pela família (...) insuflando com mentiras e com hipocrisia um outro Estado contra o Estado nacional do Brasil", acrescentou.

Trump impôs tarifas punitivas de 50% sobre muitos produtos brasileiros, argumentando que existe uma "caça às bruxas" contra Bolsonaro.

Em julho, Washington suspendeu o visto do ministro Alexandre de Moraes, que preside o julgamento, e de outros ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).

Além disso, puniu Moraes com a "Lei Magnitsky", um instrumento para sancionar financeiramente supostos violadores de direitos humanos em todo o mundo.

Essa legislação inclui o bloqueio de possíveis ativos de Moraes nos Estados Unidos e a proibição de cidadãos e empresas americanas de fazer negócios com ele.

No entanto, uma fonte judicial brasileira disse à AFP que o ministro não possui bens nos Estados Unidos.

Bolsonaro está em prisão domiciliar preventiva e pode pegar mais de 40 anos de prisão se for considerado culpado no processo sobre a suposta tentativa de golpe de Estado.

A Primeira Turma do STF iniciará em 2 de setembro o julgamento da ação penal contra ex-presidente e outros sete aliados, todos réus no caso.

C.Gonzalez--GM