

Chile mobiliza esforços para resgatar 5 mineiros presos em mina de cobre
A mineradora estatal chilena Codelco, a maior produtora mundial de cobre, mobilizou todos os esforços para resgatar os cinco mineiros presos após um desmoronamento na maior mina subterrânea, El Teniente, que já deixou uma pessoa morta.
El Teniente, com 4.500 km de galerias, é a maior jazida mineral subterrânea de cobre do planeta. No ano passado, produziu 356 mil toneladas do metal, 6,7% de toda a produção de cobre do Chile.
"Faremos todo o humanamente possível para resgatar os cinco trabalhadores presos. Toda a nossa experiência, todo o nosso conhecimento, toda a nossa energia, toda a nossa força estão dedicados a essa causa e ao serviço desse objetivo", disse o presidente da Codelco, Máximo Pacheco, em coletiva de imprensa na tarde desta sexta-feira (1º).
Brigadas de resgate continuaram as buscas pelos cinco mineiros que ficaram presos durante a tarde de quinta-feira enquanto trabalhavam na expansão da mina, a cerca de 1.200 metros de profundidade, uma informação confirmada pela empresa.
Para facilitar os trabalhos, a ministra da Mineração, Aurora Williams, anunciou a paralisação das atividades de El Teniente a partir desta sexta-feira, sem especificar a data para o término da medida.
"Vamos emitir uma medida provisória de paralisação das operações", disse Williams à imprensa.
Pelo menos 100 socorristas participam da operação, sem conseguir estabelecer contato com os mineiros, informou o gerente geral da mina, Andrés Music.
"Até agora não conseguimos nos comunicar com eles; as galerias estão fechadas, estão colapsadas", afirmou em coletiva de imprensa.
Michael Miranda, irmão de um dos trabalhadores presos - Jean Miranda, de 31 anos -, disse que os familiares não foram informados sobre como foi o acidente.
"Não nos explicaram nada. Ninguém veio conversar, nos dizer se meu irmão está bem ou não, se está acompanhado ou não", declarou.
A esposa de Jean está grávida "e ninguém da empresa veio falar com ela. Nenhum suporte psicológico, nada", reclamou, do lado de fora dos escritórios da Codelco na cidade de Rancagua, 100 km ao sul de Santiago.
- Resgate contra o tempo -
De acordo com Pachecho, os esforços de resgate estão concentrados na remoção do material acumulado na galeria onde os trabalhadores estão presos, cuja localização é conhecida pelos dispositivos eletrônicos que carregavam.
"Estamos realizando esse trabalho com equipamentos autônomos e inteligentes, telecomandados, e uma equipe altamente especializada em resgate, porque é um trabalho extraordinariamente delicado", explicou.
O acidente ocorreu por conta de um "um evento sísmico", cuja origem - natural ou provocada pelas perfurações - ainda está sob investigação.
O tremor, que teve uma magnitude de 4,2, segundo registros, causou a morte de um trabalhador e deixou outros nove feridos. A maioria já recebeu alta.
"É um dos maiores eventos, se não o maior que o depósito El Teniente teve em décadas", indicou Music.
Mas, nesta sexta-feira, as réplicas e a sismicidade na mina haviam diminuído, disse Pacheco.
As próximas 48 horas são vitais para as operações de busca, nas quais participam alguns socorristas que estiveram no bem-sucedido resgate dos 33 mineiros que ficaram presos em uma mina no deserto do Atacama em 2010.
"O que queremos aqui é que façam uma investigação exaustiva (...) nós denunciamos muitas irregularidades", afirmou à AFP José Maldonado, dirigente sindical de El Teniente, com 30 anos de experiência.
"A montanha não suporta mais e começou a descer", o que teria provocado o movimento e não um sismo.
O Chile é o maior produtor mundial de cobre, com 5,3 milhões de toneladas em 2024. Sua indústria de mineração é uma das mais seguras do planeta. A taxa de mortalidade no setor alcançou no ano passado 0,02%, segundo o Serviço Nacional de Geologia e Mineração.
J.Castro--GM