

França emite mandado de prisão contra Bashar al Assad por morte de jornalistas em 2012
A Justiça francesa emitiu mandados de prisão contra o presidente sírio deposto Bashar al Assad e outros seis ex-altos funcionários de seu governo pelo ataque, em 2012, a um centro de imprensa improvisado em uma cidade controlada por rebeldes que matou uma jornalista americana e um francês, disseram advogados nesta terça-feira (2).
A jornalista americana Marie Colvin, de 56 anos, trabalhava para o jornal britânico The Sunday Times, e Remi Ochlik, de 28 anos, era um fotógrafo francês.
Ambos morreram em um ataque do Exército sírio em 22 de fevereiro de 2012 na cidade de Homs, no centro da Síria.
A Justiça francesa investiga o ataque como um possível crime de guerra e contra a humanidade.
Os mandados de prisão, assinados em 19 de agosto, foram emitidos após 13 anos de investigações pelas autoridades judiciais francesas.
O fotógrafo britânico Paul Conroy, a repórter francesa Edith Bouvier e o tradutor sírio Wael Omar também ficaram feridos no ataque ao centro de imprensa improvisado onde estavam trabalhando.
Assad fugiu com sua família para a Rússia após ser deposto por rebeldes islamistas no final de 2024, embora seu paradeiro exato não tenha sido confirmado.
Além de Assad, entre os mais procurados estão seu irmão Maher al Assad, que era o chefe de fato da 4ª divisão blindada síria na época; o chefe de inteligência Ali Mamluk e o então chefe do Estado-Maior do Exército, Ali Ayub.
"A emissão dos sete mandados de prisão é um passo decisivo que abre caminho para um julgamento na França por crimes de guerra e crimes contra a humanidade cometidos pelo regime de Bashar al Assad", disse Clemence Bectarte, advogada da Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH) e dos pais de Ochlik.
"A investigação estabeleceu claramente que o ataque ao centro de imprensa informal fazia parte da intenção explícita do regime sírio de atacar jornalistas estrangeiros para limitar a cobertura midiática de seus crimes e forçá-los a abandonar a cidade e o país", acrescentou Mazen Darwish, diretor do Centro Sírio para a Mídia e a Liberdade de Expressão (SCM).
Colvin era conhecida por seu caráter destemido e seu característico tapa-olho preto. Sua carreira foi homenageada em um filme indicado ao Globo de Ouro, "A Private War".
S.Crespo--GM